segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Bons Sons 2014 - Azáfama na Aldeia

No primeiro dia do Bons Sons foi possível ver algumas das bandas de uma das editoras portuguesas mais prolíficas.
A família da Azáfama mostrou a sua força e criatividade em duas partes de concertos que contaram com três bandas de cada vez.



A abrir esteve o Vitorino Voador que, infelizmente, não cheguei a tempo de ver, dado a sua apresentação ter sido curtinha. Mas são estas as vicissitudes de um festival com muitas solicitações e, às vezes, basta parar para viver um pouco a aldeia com os amigos e perde-se algo de muito bom a nível musical. Seja como for, em breve haverá disco novo deste músico e as oportunidades para o ver, não irão faltar.
Quando cheguei ao Palco Eira já estavam os Capitão Capitão – JP Mendes (guitarra e voz), António Vasconcelos Dias (bateria) e João Gil (baixo) - a confirmar que temos por ali um belíssimo conjunto de canções que, para quem não conhece, primeiro se estranha e depois se entranha. Em breve nascerá o álbum que vai ajudar a sedimentar esta maravilha que muitos ainda irão descobrir.
A fechar este primeiro lote de grupos da Azáfama, veio Cachupa Psicadélica que ofereceu a melhor banda sonora que podíamos desejar como acompanhamento do magnífico por do sol. Começa a ser urgente a imortalização da música que sai da cabeça Lula’s em cd, penso que até ao fim do ano, segundo promessas veladas que ouvi, ainda vamos ter essa sorte.
A música de Cachupa exerceu em mim e em muitos dos presentes, uma espécie de encantamento que não é fácil de explicar. As canções são faladas em crioulo de Cabo Verde, a explicação que é dada para cada uma das mesmas é sempre um momento delicioso em que a boa disposição de quem está no palco, contagia todos à sua volta e depois é só deixarmo-nos embalar. As guitarras de Lula e Kay Limak e as percussões de Jorge Machado chegam a ter momentos quase hipnotizantes e não é preciso nenhum extra para sentir essa magia, basta ter a mente aberta e deixarmo-nos conquistar.
Reforço que é mesmo urgente o nascimento deste disco para que possamos desfrutar, também em casa, destes momentos musicais que por agora apenas são possíveis em concerto.
 O segundo lote de bandas surgiu, perto das duas da manhã e contou com os TV Rural, O Martim e os Hombres com Hambre.
Os TV Rural mostraram ao muito público que ali estava e, provavelmente, pouco os conheciam, que são umas das melhores bandas portuguesas a tocar ao vivo. O vocalista David Jacinto é um autêntico “animal” que a todos impressiona pela energia e alegria que mostra quando está em palco. Apesar do concerto ter a duração de um pequeno showcase, a amostra a que tivemos direito, deixou todos a desejar muito mais. Se os programadores culturais deste país estiverem atentos, em breve deixaremos de dizer que os TV Rural são o segredo mais bem guardado do Rock Português!
Poucos dias depois deste concerto, esta maravilhosa banda foi para estúdio e creio que até ao fim do ano iremos ter “aquele” disco que finalmente os irá levar ao “grande público”. Está mais que na hora desta banda “furar” para atingir o reconhecimento que ainda poucos lhes dão e que há muito merece. Talvez este belíssimo concerto no Bons Sons tenha contribuído definitivamente para que lhes seja feita justiça.
O(s) Martim foi igual a si mesmo e, apesar do muito frio que já se fazia sentir, trouxe alegria e calor do palco para a plateia. Mais uma vez tivemos um grande senhor, acompanhado de excelentes músicos a animar e a encantar a plateia.
Aqui há Pop, Funk, Rock e um cheirinho de Jazz que surpreende quem não conhece a sua música e confirma as expectativas de quem já o conhece. A capacidade criativa não pára e já foram apresentados temas novos que irão fazer parte de um futuro disco.
A acabar veio o “delírio sonoro” dos Hombres com Hambre que, como eles próprios dizem é composto por: Jungle, Drum & Bass, Breakbeat, Dubstep, Ambient, Prog Rock, ... Nalguns temas, os convidados – Nuno Lucas (baixo), Lula’s (voz) – ajudaram a dar ainda mais brilho à actuação que seguramente surpreendeu todos os que estiveram no Palco Eira.
Esta autêntica Azáfama na Aldeia só não me surpreendeu porque já em Abril, aquando da Azáfama no Bairro, pude constatar a qualidade deste “sangue novo” que está a ser criado no verdadeiro viveiro de excelente música portuguesa que é a, por agora pequena, Azáfama Produções Artísticas!

Restantes fotos aqui.

Sem comentários: